POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
Foto e biografia: pt.wikipedia.org
NAZIM HIKMET
Nâzım Hikmet Ran (Salónica, 20 de novembro de 1901 – Moscovo, 3 de junho de 1963) foi um poeta e dramaturgo turco, conhecido na Europa como o melhor poeta de vanguarda da Turquia, sendo os seus poemas traduzidos para diversas línguas, sem exceptuar o português.
Nascido em Salónica, no Império Otomano, situada no seio da actual Grécia, foi registrado a 15 de janeiro de 1902, embora tenha nascido efectivamente no dia 20 de novembro do ano de 1901, mesmo no início do século XX.
Hikmet pertenceu ao Partido Comunista da Turquia, sumariamente TKP, tendo sido por isso muitas vezes perseguido pelos realistas.
Apesar de ter escrito primeiramente poemas com sílabas métricas bem definidas, o seu género distanciou-se dos géneros dos chamados "poetas silábicos", sendo, em parte por tal, denominado vanguardista. Pelo contrário, os seus poemas distinguiam-se pelas formas confusas e conceptuais. Aliás, todos eles contêm diversas propriedades linguísticas da Turquia.
Nunca satisfeito com o seu trabalho, rumou à URSS, onde se manteve de 1922 a 1925, na intensiva busca pelo "climáx". Um outro motivo para ter viajado para a União Soviética foi a Revolução Soviética.
Depois de completos os seus estudos na Universidade de Moscovo cansado das competições com Vladimir Maiakovski e com outros jovens poetas soviéticos, que tendiam para o recente Futurismo, retornou ao seu país natal.
Vários trabalhos seus retratam cenas inóspitas de guerra como a invasão da Etiópia pela Itália de Mussolini
Como já foi referido anteriormente, Hikmet foi perseguido pelos defensores da monarquia e, por isso, condenado a quinze anos de prisão. Tal fez com que se refugiasse na URSS, uma mais valia, já que conhecia o país.
Depois da sua morte, em 1963, em Moscovo, diversos músicos transformaram os seus expressivos poemas em belas canções, como fez, entre outros tantos, o grego Manos Loizos.
BACK, Sylvio. Cinquenta anos. Díário do Paraná. Edição fac-similar. Capa : Guilherme Mansur. Reprodução fotográfica: Cadi Busatto. Coordenação gráfica: Rita de Cássia Solieri Brandt. Projeto gráfico: Adriana Salmazo Zavadniak. Curitiba, Paraná: Itaipu Binacional, 2011. S. p. Inclui 7 folhas dobradas 94 x 1,26 cm., com imagens de páginas do suplemento literários dos anos 1959 – 1960, acomodadas numa caixa de papelão 35x 48 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda.
história de uma separação
Disse o homem à mulher:
eu te amo.
E como!
Como se nas mãos apertasse
meu coração, qual estilhaço de vidro
que num assomo partisse
e os dedos
me sangrasse.
Disse o homem à mulher:
eu te amo
e quanto!
Com a profundeza de quilômetros
uma imensidade de quilômetros.
Cem por cento
mil por cento,
cem vezes infinitamente por cento.
Provei-o
em meus lábios,
minha cabeça,
meu coração.
com amor, com terror, debruçando-me
sobre teus lábios,
teu coração,
tua fronte.
E o que hoje digo
contigo foi que o aprendi
Qual um murmúrio nas trevas.
E hoje em dia sei
que a terra,
mãe de rosto ensolarado,
amamenta
o mais belo de seus filhos.
Mas que fazer?
Meus cabelos estão presos a dedos moribundos.
Não posso libertar dali minha cabeça.
Tu deves partir,
mirando nos olhos do recém-nascido.
Deves deixar-me, deves partir.
A mulher calou-se.
Eles se abraçaram.
Ao chão um livro tombou.
Uma janela se fechou.
Foi assim
que se fechou.
Foi assim
que se separaram.
[Tradução de E. Carrera Guerra]
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Poema publicado no dia 5 de março de 1961
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Página publicada em fevereiro de 2021
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